terça-feira, 17 de agosto de 2010

Fazer graffiti pra quê?




Essa é mais uma história de uma parceria onde o prazer maior é o de fazer arte. Trata-se do videoclipe produzido pela produtora Asteroide Filmes de Curitiba, que contou com a colaboração do designer e graffiti writer Léo Dallarosa.

Para a produção, o escritor de grafite fez em um painel de quatro por três metros, um desenho de grafite que serviu como cenário do clipe, que tinha como outro elemento, a dança break, apresentado pelo grupo New Crew B.Boys. O acordo entre a produtora e Léo, se deu da maneira mais honesta possível. “O pessoal da Asteroide me convidou para o trabalho e me cedeu as tintas. Fazer graffiti é um grande prazer para mim, conversamos e aceitei o convite”, conta o artista.

A Asteiroide trabalhou com um orçamento que cobria apenas os custos da produção, como os gastos com set, locação de equipamentos e demais. Dalarosa entendeu a situação e apontou outro benefício além do financeiro. “Pensando como designer, o vídeo serve legal como portfólio”, resume

O berço do graffiti Curitibano

O Léo faz parte de uma geração que pode se dizer da “velha guarda” do graffiti curitibano. Há 14 anos que começou a grafitar no mesmo crew (grupo de grafite) de Cimples – artista visual que ajudou a trazer a cultura de se expressar em muros para a cidade. “O Cimples foi para São Paulo, isso foi entre 96 ou 97, e trouxe uma revista chamada ‘Fiz Graffiti Ataque’. Eu lembro que a gente ficou doido com aquilo, a revista era a única sobre graffiti no Brasil e hoje ela é uma relíquia para nós”, lembra Léo.

Cimples e Léo moravam na mesma rua no bairro Xaxim, berço do graffiti curitibano, e fundaram o primeiro crew da cidade: O P.R.I.M.O.S (Pia Rápido Ilustra Muro Oferecendo Solução), que servia como afirmação da arte, sobre o preconceito que recai sobre os grafiteiros. “O graffiti é uma expressão artística que nasceu e vive no muro. E a pixação que é chamada de Graffiti Bomber, um estilo de graffiti ao qual é feito sem autorização ou regras, é também uma forma de se expressar que influenciou na nossa formação artística”, explica Léo, “não tem faculdade de graffiti, aprendi fazendo na rua”, completa.

Hoje Léo trabalha como designer, onde o graffiti caminha lado a lado com seu ofício. As ruas e o tempo de adolescente quando grafitar muros no bairro era uma aventura e diversão ficou para traz, mas as latinhas nunca abandonaram as mãos do artista. “Quando me perguntam se o graffiti está mudando, penso que não é o graffiti que muda, são as pessoas, o meio social que muda”, finaliza.

O vídeo produzido pela Asteroide foi apresentado no Plug da RPC TV e está disponível aqui nowww.asteroidefilmes.com.br.

por Mauricio de Olinda

original em:

http://percevejo.art.br/arte_urbana/fazer-graffiti-pra-que/

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